Produtores brasileiros de grãos exploram o aumento do uso do canal do Panamá

Por Marcelo Teixeira16 março 2018
© DazGee / Adobe Stock
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Os agricultores brasileiros no topo do estado de soja, Mato Grosso, assinaram um memorando de entendimento com a Autoridade do Canal do Panamá para avaliar formas de reduzir os custos de transporte e aumentar os volumes de grãos brasileiros usando a via navegável, disse o administrador-chefe da autoridade.

A administração do canal procura aumentar sua participação no aumento das exportações brasileiras de grãos, uma vez que grande parte da expansão do comércio de grãos no Brasil é através de novos terminais na parte norte do país, mais próximos do canal.
"Começamos a trocar informações, idéias, com a associação Aprosoja para explorar possibilidades em cargas deixando os portos do norte do Brasil e usando o Canal do Panamá para chegar aos mercados asiáticos", disse Jorge Luis Quijano, administrador-chefe do canal, à Reuters por telefone.
Aprosoja é a entidade que representa produtores de soja e milho em Mato Grosso. Quijano estava em Cuiabá, a capital do estado, para a assinatura.
Apenas cerca de 2 milhões de toneladas de soja brasileira passaram pelo canal no ano passado, com exportações anuais de soja de cerca de 60 milhões de toneladas. O Brasil é o maior exportador de oleaginosas.
A maioria das exportações de grãos do Brasil são enviadas através do Oceano Atlântico, passando pelo Cabo da Boa Esperança, para chegar a China e ao Japão. Mas a expansão da capacidade nos portos do norte e o aumento da produção de soja e milho no centro-oeste podem mudar isso.
"Nós temos estudos mostrando que as embarcações provenientes do norte do Brasil e indo para destinos como Yokohama poderiam economizar até cinco dias usando o Canal do Panamá expandido", disse Quijano.
Ele disse que o rascão dos bloqueios Panamax do canal é semelhante ao dos portos da Amazônia.
Os portos do norte do Brasil aumentaram as remessas de volumes de grãos em 80% em 2017, de acordo com dados do governo, e já representam cerca de 40% das exportações brasileiras de grãos.
Além da soja, o Brasil tornou-se um exportador de milho muito grande. Grandes comerciantes de commodities, como a Bunge, ADM e Louis Dreyfus, criaram operações nos portos do norte e planejam aumentar as exportações da região.


(Reportagem de Marcelo Teixeira Editando por Phil Berlowitz)
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