Xi da China chega a Lima para inaugurar megaporto

15 novembro 2024
Fonte: Governo do Peru
Fonte: Governo do Peru

O presidente chinês Xi Jinping chegou a Lima, Peru, na quinta-feira, dando início a uma blitz diplomática de uma semana na América Latina com a inauguração do enorme porto de águas profundas de Chancay, um dos investimentos em infraestrutura mais ambiciosos de Pequim na América Latina.

Xi participará da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em Lima antes de ir para a cúpula do Grupo dos 20 no Rio de Janeiro na próxima semana. Xi também realizará visitas de estado ao Peru e ao Brasil, ambos grandes fontes de minérios metálicos, soja e outras commodities que sustentam as principais indústrias chinesas, como veículos elétricos e carne suína, além de garantir a segurança alimentar da população do país de 1,4 bilhão.

A primeira tarefa de Xi em Lima é encabeçar a cerimônia de inauguração do porto de Chancay, junto com a presidente peruana Dina Boluarte.

"Chancay...revolucionará o comércio e dinamizará a economia da Ásia-Pacífico", disse Boluarte em um discurso na quinta-feira na Cúpula de CEOs da APEC.

O megaporto controlado pela China, construído pela Cosco Shipping Ports e localizado na costa do Pacífico do Peru, ao norte de Lima, já atraiu US$ 1,3 bilhão em investimentos chineses, com bilhões a mais esperados, já que Pequim e Lima buscam transformar Chancay em um importante centro de transporte marítimo entre a Ásia e a América do Sul.

"Precisamos construir e administrar bem o porto de Chancay em conjunto, fazer com que 'de Chancay a Xangai' se torne realmente um caminho próspero para promover o desenvolvimento conjunto China-Peru e China-América Latina", escreveu Xi em um artigo de opinião publicado na quinta-feira no diário oficial El Peruano.

Mario Ocharan, diretor peruano da Câmara de Comércio de Chancay, disse à Reuters que o primeiro navio deveria zarpar na semana de 18 de novembro, transportando frutas peruanas para a China.

O verdadeiro objetivo do megaporto, segundo Ocharan, era o acesso ao vizinho Brasil, onde uma nova linha ferroviária conectará o porto ao abastecimento brasileiro.

"Os coreanos e os chineses expressaram interesse em construir a ferrovia", disse ele.

VENTOS CONTRÁRIOS GEOPOLÍTICOS E ECONÔMICOS

A inauguração do porto acontece em um momento em que Pequim busca explorar ainda mais a região latino-americana, rica em recursos, em meio a tensões comerciais com a Europa e preocupações sobre futuras tarifas do novo governo Trump.

Xi está sendo acompanhado por uma delegação de mais de 100 executivos empresariais chineses, incluindo chefes de empresas com os maiores investimentos no Peru, como a Cosco Shipping e a mineradora Chinalco, dona da mina de cobre de Toromocho.

Chancay, o maior investimento da China em um porto latino-americano, fez soar o alarme em Washington. A general Laura Richardson, ex-chefe do Comando Sul dos EUA, alertou no início deste mês, antes de se aposentar, que Chancay poderia ser usada pela marinha militar chinesa e para coleta de inteligência.

As preocupações dos EUA sobre Chancay refletem uma mudança mais ampla, que já dura décadas, em uma região conhecida como quintal de Washington, onde a China ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior parceiro comercial de países como o Peru.

O Global Times, jornal estatal chinês, escreveu em um editorial publicado na segunda-feira que o porto era uma "ponte para cooperação prática entre a China e a América Latina e não é de forma alguma uma ferramenta para competição geopolítica", chamando as acusações dos EUA sobre o potencial uso militar do porto de "difamações".


(Reuters - Reportagem de Eduardo Baptista, Marco Aquino e Lucinda Elliot em Lima, reportagem adicional de Zhang Yukun em Pequim; Edição de Alistair Bell e Diane Craft)

Categorias: Portos